Pretendemos criar aqui um espaço de compartilhamento e visibilidade, que articule diferentes formas de pensamento e produções criativas negras. Até pouco tempo atrás, pouco sabia-se de nomes importantes na dramaturgia e/ou encenação negras no nosso país, por exemplo. É importante que escancaremos essa estrutura e pensemos sobre como o processo criativo negro se dá, como ele se constrói inserido numa sociedade eurocêntrica, como ele propõe diferentes formas, diferentes olhares, outras perspectivas, outros corpos, novas narrativas e outros protagonismos.
Por isso é importante que articulemos novos espaços, novas formas de encontro, em que artistas pretxs possam falar sobre esses novos lugares, essas novas narrativas, esses novos pensamentos e processos que vêm emergindo com potência no cenário preto. Pensar e repensar as estruturas.
Queremos e precisamos ser vistos, ser ouvidos e ter voz, para que possamos criar um teatro mais democrático numa sociedade que lutamos para ser anti-racista.
Luh Maza - Dramaturgia
Luh Maza é autora, diretora e atriz. Suas peças estão publicadas na coleção Primeiras Obras (Imprensa Oficial de SP, 2009), no livro Teatro (Chiado Editora - Lisboa, 2015) e na antologia Dramaturgia Negra (Funarte, 2019). Colaborou com grupos como Satyros e Coletivo Negro. Dirigiu textos de sua autoria e dramaturgos contemporâneos, com destaque para sua direção em Portugal de “Carne Viva” (2015) e a versão brasileira da peça “Kiwi” (2016), pela qual recebeu o Prêmio Aplauso Brasil de Melhor Espetáculo Independente. Foi a primeira diretora trans convidada pelo Theatro Municipal de São Paulo a criar uma obra: “Transtopia” (2019). Roteirizou o filme “Trinta e Cinco” (Young & Rubicam/Fauna, 2019) que recebeu o troféu de bronze de Melhor Roteiro no festival El Ojo de Iberoamerica na Argentina e o prêmio Inclusive and Creative Awards Campaign nos Estados Unidos. Escreveu para a série “Sessão de Terapia” (Globoplay, 2019), se tornando a primeira roteirista trans da tv brasileira.
Jhonny Salaberg - Dramaturgia
Jhonny Salaberg é ator e dramaturgo. Natural de Guaianazes, extremo leste de São Paulo. Membro fundador do coletivo O Bonde. Formado pela Escola Livre de Teatro de Santo André. Possui cerca de cinco textos encenados em parceria com companhias de teatro. Autor dos livros: "Buraquinhos ou O vento é inimigo do picumã" e "Mato Cheio". Primeiro dramaturgo negro a vencer a Mostra de Dramaturgia do Centro Cultural São Paulo. Com "Buraquinhos..." recebeu diversas premiações e indicações pelos principais prêmios de teatro do país, como Melhor Direção, Melhor Dramaturgia, Melhor Elenco, Melhor Projeto e Melhor Peça pelo APCA, Aplauso Brasil, Folha de São Paulo e Blog do Miguel Arcanjo Prado (UOL).
Filipe Celestino - Curadoria
Filipe Ramos é ator, músico, fotógrafo, agitador cultural e poeta dos afetos. Co-fundador do projeto Augustas Energias Utópicas, produtora de conteúdo da contra cultura, atuando como músico/compositor, fotógrafo e produtor cultural. Ator fundador do O Bonde, grupo teatral que pesquisa a negritude nas artes e suas diásporas contemporâneas. Dramaturgo do espetáculo "N_G_O", que discute o genocídio negro contemporâneo. Idealizador do projeto Café Preto, projeto fotográfico que visa refletir e poetizar a relação de pessoas negras com sua negritude. Musicalmente se lançou com o nome de Celestino, trazendo canções próprias que trazem o afeto e as relações com o nosso tempo como pilares. Artista parceiro, amigo e amante no teatro de Contêiner junto a Cia Mungunzá. Acredita que o afeto, a utopia e a poesia são as principais ferramentas pra criarmos novas narrativas de um mundo mais possível.