Histórico Contêiner

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DRAMATURGIA

O TEATRO

O Teatro de Contêiner Mungunzá foi planejado e construído pelo núcleo artístico da Cia. Mungunzá de Teatro (Léo Akio, Lucas Bêda, Marcos Felipe, Pedro das Oliveiras, Sandra Modesto, Verônica Gentilin e Virgínia Iglesias).


Durante o primeiro semestre de 2016, fizemos um mapeamento dos terrenos públicos ociosos na cidade de São Paulo, com o objetivo de construir, com recursos próprios (dinheiro guardado durante 9 anos de grupo), uma sede teatral que funcionaria como espaço cultural e social.


Diante do terreno público em desuso, localizado na Rua dos Gusmões, número 43, localizado no bairro da Santa Ifigênia/Luz, encontramos o potencial para desenvolver o projeto em sua plenitude.


- O território no qual estamos localizados possui grande importância histórica para a cidade devido a estação de trem da Luz e concentra, ao mesmo tempo, importantes espaços culturais como o Museu da Língua Portuguesa, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, a Sala São Paulo, mas também abriga a famigerada zona de venda e de consumo de drogas chamada de Cracolândia. -


Começamos a partir de então, a conversar com o as diversas esferas do poder público para que fosse feita a concessão do terreno à Cia. Mungunzá de Teatro, para a construção desse espaço sociocultural.


- A ação teve importante parceria com a Cooperativa Paulista de Teatro, que sempre acreditou no projeto e deu suporte político ao Grupo -


Nosso desejo era de que o terreno nos fosse cedido pelo período de três anos, que aos nossos olhos, seria o tempo suficiente para desenvolver o projeto e, após esse período, obter junto à sociedade a aprovação, ou não, de sua continuação, defendendo a tese de que quem chancelaria nossa permanência, ou não, seria a própria comunidade.


Depois de muitas devolutivas informais negativas do poder público municipal quanto ao repasse do terreno, sempre defendendo-se nas burocracias e na morosidade dos processos legais, decidimos mudar a estratégia: enviamos para a Subprefeitura Regional da Sé e para a Secretaria Municipal de Cultura um ofício solicitando o uso do terreno pelo período de apenas dois meses (outubro e novembro de 2016). A solicitação dizia respeito à produção de um evento cultural intitulado “Arquiteturando a Cidade” que aconteceria naquele local.


Em meados de julho de 2016, nossa solicitaçã


o foi aceita e intensificamos a produção e a preparação do Teatro de Contêiner.


A escolha de contêineres como base arquitetônica se deu pela praticidade modular, pelo custo financeiro e pela rapidez de montagem.


Utilizando blocos de madeira como maquete e baseados em nosso conhecimento empírico sobre espaços cênicos, Lucas Beda e Marcos Felipe, elaboraram a arquitetura do Teatro. Os contêineres que formam todo o complexo arquitetônico, foram comprados no litoral paulista e a sua monatagem-instalação-ocupação ocorreu na madrugada do dia 30 de outubro do mesmo ano. E foi nessa madrugada que entendemos a dimensão espacial e conceitual do projeto e a enorme responsabilidade que estava em nossas mãos.


A inauguração oficial aconteceu em março de 2017 e desde então o Teatro de Contêiner promove e articula ações e programações culturais e sociais.

ESTRUTURA

O Teatro de Contêiner Mungunzá é um complexo arquitetônico feito de contêineres marítimos.


_ O Teatro de Contêiner Mungunzá, o espaço cênico, é uma estrutura formada por 10 contêineres, que além do palco para as apresentações e da plateia para 99 pessoas, possui em sua arquitetura: bilheteria, banheiros (sem divisão de sexo ou gênero), lanchonete vegetariana/vegana,
deck/palco externo, camarim, espaço para abrigar artistas residentes e área de depósito e de equipamentos técnicos.


_ O espaço Mungunzá Digital, um estúdio Musical e Audiovisual, também escritório da Mungunzá, é uma estrutura formada por 2 contêineres suspensos.


_ A Sala Pedagógica, é um espaço estruturada no vão livre do estúdio Mungunzá Digital. Abriga reuniões de diversos grupos da região (artísticos, ativistas e terapêuticos, relacionados à assistência social, à saúde e aos movimentos de moradia).


Na área externa, encontramos uma ampla área de convivência que abriga uma pequena quadra de futebol, mobiliários, um jardim-horta hidropônico e um parquinho, que recebe no contra turno escolar as crianças das 3 grandes ocupações de moradia vizinhas: Mauá, Prestes Maia e Gusmões.


Inicialmente pensado como "apenas um teatro", sede da Cia. Mungunzá, hoje, além das apresentações teatrais e shows, é habitado por muitas linguagens, coletivos, movimentos e grupos.


O terreno ocupado tem aproximadamente 100m2 e atualmente acolhe, além das estruturas da Mungunzá, outros dois importantes coletivos da região:


_O Coletivo Tem Sentimento, ateliê de costura e área social, estrutura formada por 2 contêineres.


_Birico Arte, coletivo artístico, ateliê e escola gráfica, estrutura formada por um contêiner.


EQUIPE

O Teatro de Contêiner Mungunzá é:


Camila Bueno, Fábio Lima, Léo Akio, Lucas Bêda, Marcos Felipe, Mariana Bêda, Paloma Dantas, Paula Silva, Pedro das Oliveiras, Sandra Modesto, Sônia Cariri, Verônica Gentilin e Virginia Iglesias.


Já colaboraram com o Teatro de Contêiner:


Diego Cariri, Filipe Celestino, Ghabriel Tiburcio, Gilson Silva, Gisele Gonçalves, Isabelle Iglesias, Jaick MC, Lana Scott, Sheila Pereira, Letícia Rodrigues, Luiz Amaral Jr, Pablo Vieira, Paloma Alves e Priscila Puga.

SOCIAL

Com a chegada do coronavírus no Brasil, com o fechamento de todas as atividades culturais, o Teatro de Contêiner enfrentou um desafio, nos vimos na junção de duas situações ambíguas, (1) o isolamento social, (2) a continuação do trabalho sociocultural do Teatro, que é o cuidado com a população do entorno e a execução de ações relacionadas aos direitos humanos em um território de grande vulnerabilidade social (bairro da Luz e Santa Ifigênia, região central da cidade na qual o Teatro está localizado).

 

Esperando as adversidades que os trabalhadores da cultura enfrentariam devido as características do seu ofício (trabalho presencial, “não essencial” e formado por aglomeração, presença e encontros de pessoas), somado a previsão de que a desigualdade social se tornaria mais discrepante nesse momento, o Teatro de Contêiner Mungunzá entrou no front dessa batalha contra a Covid-19 no intuito de minimizar e reduzir os danos causados pela pandemia na população do entorno do Teatro e também fortalecer os coletivos, trabalhadores e trabalhadoras da região.

 

Por meio de uma parceria com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), com vereadores e vereadoras e outras instituições e grupos ativistas dos direitos humanos, o Contêiner articulou um trabalho diário de distribuições de 500 refeições, além da organização de doações, montagem e distribuição de cestas básicas, kits de higiene, álcool em gel e água.

 

Também foi nesse momento pandêmico (2020 e 2021), que o  Teatro de Contêiner expandiu sua arquitetura para abrigar a sede do Coletivo Tem Sentimento, um projeto que atua na redução de danos e na geração de renda para mulheres cis e trans por meio da costura. Dois novos contêineres foram adicionados ao terreno para estruturar fisicamente o ateliê de costura do Coletivo, que nesse período dedicou-se para a confecção e distribuição de máscaras para população de rua e moradores do entorno, das entregas da entrega diária das refeições.


Após 4 anos da inauguração do Teatro de Contêiner, ajudar a materializar a sede de um outro coletivo foi muito importante. E isso só foi possível devido a confiança, investimento e trabalho de muitas outras pessoas, que assim como nós, valorizam a economia dos pequenos grupos e também atuam no bem-estar social desse território.


Dos 65 mil gastos noa sede do ateliê de costura do Coletivo Tem Sentimento,

40 mil vieram da Cia. Mungunzá / Teatro de Contêiner, via edital de ocupação promovido pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC) e emenda parlamentar de Celso Giannazi para ações socioculturais no Teatro; 12 mil vieram do próprio Coletivo Tem Sentimento via emenda parlamentar da Soninha Francine para ações sociais; e 13 mil do projeto Birico, via venda de obras de arte; Birico é um projeto que une mais de 30 artistas, de diversas linguagens e condições sociais, que se uniram com a proposta de gerar uma economia colaborativa e uma escola gráfica com aulas e bolsas de estudo para população vulnerável.

O Teatro é vivo, mutável e abre caminhos: é arte, é saúde, é defesa dos direitos humanos, é assistência social, lazer, educação, geração de renda, moradia etc.


Coma continuidade do projeto Birico, sua sede, ateliê e escola gráfica se adaptou a arquitetura de contêiner e agora também é um dos habitantes desse espaço.



Teatro de Contêiner
Mungunzá
Rua dos Gusmões, 43
Santa Ifigênia
São Paulo / SP
Brasil
(11) 9 9188 9035 _ Marcos
(11) 9 7632 7852 _ Lucas
(11) 9 9531 4434 _ Léo

ciamungunza@gmail.com
teatrodeconteinermungunza@gmail.com
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